Saúde

Mais de 3,8 mil pessoas aguardam consulta com urologista em Pelotas

Com demora para atendimento especializado, pacientes contraem empréstimos ou pedem ajuda financeira com medo do avanço de doenças

Carlos Queiroz - DP - Félix Coelho precisou buscar empréstimos

Por Cíntia Piegas
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Os aposentados Félix Bino Coelho, 69, e Deloir Santos da Silva, 68, nem esperaram o último Novembro Azul, mês de prevenção ao câncer de próstata, para seguiram à risca as orientações do Ministério da Saúde fazendo o exame de PSA, indicado pelo posto médico da comunidade. Mas a partir do resultado com alteração, ambos não conseguiram mais apoio da Unidade Básica de Saúde (UBS) para dar seguimento à investigação de um possível câncer. Com isso, para na busca por acesso a especialista, um se endividou com empréstimos e o outro tenta ajuda financeira.

Coelho e Silva não estão sozinhos. Eles fazem parte de uma fila por consulta com urologista na rede pública de Pelotas que, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), atualmente soma 3.841 pacientes aguardando. Número que representa uma alta de 12,14% em relação a setembro, quando reportagem do Diário Popular também apontou o tamanho da fila de espera no Município.

Dizendo ter expectativa zero de ser chamado pela Prefeitura para uma consulta ou tratamento nos próximos meses ou no ano, Coelho resolveu pegar emprestado com o banco a soma de R$ 22 mil suficientes para arcar com consulta, internação e cirurgia. Única alternativa encontrada para evitar que o tumor de risco médio, diagnosticado em agosto de 2022 através de um teste de PSA, não avance. "O médico falou que, no estágio em que se encontra, após a cirurgia dificilmente ele irá voltar", diz, esperançoso.

O teste foi através da UBS da Guabiroba. Mas para realizar o ultrassom, a ressonância, a biópsia, além das consultas médicas, o paciente contou com um convênio que garantiu alguns descontos. Mesmo assim, os gastos de quase R$ 4 mil vêm comprometendo o salário do aposentado. A alternativa foi trabalhar por conta, prestando serviços, já que a doença não lhe causa, por enquanto, efeito colateral.

Em novembro do ano passado, Coelho foi encaminhado para procedimento por meio da UBS da Guabiroba e desde então estava aguardando o chamado. A tão esperada ligação da SMS chegou justamente durante a entrevista ao Diário Popular. Não para a realização da cirurgia, mas sim para a consulta com o especialista. Agora, terá que esperar dez dias, até 9 de fevereiro.

Mesmo com o tratamento particular encaminhado a partir da dívida que fez, o aposentado pretende comparecer ao chamado. Isso porque Coelho diz ter muitas dúvidas. "Hoje temos dificuldades para falar com um clínico no posto. Preciso saber o que posso e não posso fazer nessas condições. Sinto saudades dos médicos cubanos", afirma, lembrando dos profissionais do programa Mais Médicos que chegaram a atuar na cidade.

Susto e exame caro

Dilema semelhante enfrenta outro aposentado. Após uma perda de memória repentina em novembro do ano passado, Deloir Santos da Silva ficou internado três dias no Pronto-Socorro. A indicação foi buscar atendimento no posto de saúde, onde após alguns exames detectou-se PSA alterado. A orientação médica era fazer um ultrassom. "Como não custava muito e o quadro nos assustou, pagamos o exame", conta a filha Luiza Rodrigues da Silva. Foi quando ficou sabendo que seria muito difícil conseguir atendimento com especialista pela UBS.

Como ainda não foi chamado pela rede pública, a família de Silva optou por pagar consulta particular. "O quadro atual é de que meu pai precisa fazer a biópsia para ver se tem hiperplasia [produção de células em tecidos e órgãos, fazendo-os aumentar de volume] e se indica ou não o câncer, mas custa R$ 1,5 mil e não temos dinheiro para arcar com esse gasto", explica a filha.

Sem suporte adequado no serviço de saúde do Município, ambos os pacientes afirmam se sentir constrangidos em ter que pedir ajuda financeira para conseguir lidar com a dívida para o tratamento ou juntar o dinheiro necessário. Apesar disso, as famílias que compartilham os dilemas seguem em busca de ajuda para acelerar consultas, exames e procedimentos necessários. Quem puder contribuir com a ajuda de custo da biópsia de Deloir Silva, o contato é o (53) 98457-7322, com Luiza. Já para auxiliar Félix Coelho, o Pix é o 026.976.980-35, para conta no Santander de Rafaela Coelho.

Encaminhamento oncológico

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, caso o paciente apresente biópsia confirmada ou com suspeita de câncer urológico, ele deve ir a uma UBS para que seja encaminhado para a primeira consulta com oncologista urológico. A SMS afirma que atualmente 26 pessoas de Pelotas e de outros municípios aguardam por estas consultas


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